segunda-feira, 28 de junho de 2010

A importância da Defesa Civil

Guilherme Mussi*
Diante das tragédias — naturais ou não —, as pessoas se unem, se ajudam, se mobilizam em prol daqueles que foram atingidos pela inundação, pelo deslizamento, pelo fogo, pelo vento. As imagens de destruição tiram o fôlego, enquanto as de pessoas anônimas — bombeiros, policiais e voluntários — lutando pela vida do outro emocionam, pela solidariedade, dedicação e coragem. Mas estas qualidades viram atitudes improvisadas, seguidas de medidas provisórias tomadas para tentar resolver — ou pelo menos minimizar — a situação.
Apesar da boa vontade, o que se vê é despreparo e desinformação. De acordo com a estimativa da Secretaria Nacional de Defesa Civil, apenas mil municípios brasileiros, dentre os 5,5 mil, têm equipe devidamente treinada para lidar com as intempéries, como as inundações e deslizamentos que vez por outra viram manchete na Imprensa em vários pontos do País. E esse comportamento já está institucionalizado.
O que se percebe é que alguns prefeitos não vêem necessidade em investir na Defesa Civil porque suas cidades não têm grande incidência de desastres. E é ai que está o grande erro, pois uma das principais funções da Defesa Civil é a de identificar riscos e sugerir ações de correção, e não apenas oferecer socorro emergencial, como providenciar abrigos para as vítimas. Traduzindo: a Defesa Civil tem de prevenir e não só remediar.

Um exemplo disso é a tragédia que assolou mais de 50 cidades dos Estados de Pernambuco e Alagoas que foram duramente afetadas pelas chuvas. As cheias destruíram casas, mataram até o momento 44 pessoas, e afetaram diretamente a vida de ma is de 150 mil pessoas - entre desalojados e desabrigados. Nove cidades decretaram estado de calamidade pública. A população se mobiliza para ajudar as vítimas, autoridades anunciam R$ 700 milhões para a reconstrução, e pouco se fala em prevenção.
Outro caso recente, e que aos poucos vai caindo no esquecimento é o do Morro do Bumba, em Niterói (RJ), onde ocorreram deslizamentos e a morte de várias pessoas. A área era considerada de alto risco de acidentes há pelo menos seis anos, no entanto, casas e casas foram sendo construídas e nada efetivamente foi feito para impedir a ocupação indevida. E esta vem crescendo sobretudo à margem dos rios e nas encostas em todos os cantos do Brasil.
Por isso, após a 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária, realizada este ano, em Brasília, estabeleceu-se a obrigatoriedade de todos os governos estaduais e municipais constituírem conselhos de Defesa Civil com a participação da sociedade, incluindo a imprensa, com o intuito de criarem estratégias para evitar tragédias anunciadas.
Um exemplo a ser seguido é o programa do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - CPTEC/INPE, na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. Diante das fortes chuvas que atingiram São Luiz do Paraitinga (SP), no início de 2010, foi criado um sistema de monitoramento para ajudar a Defesa Civil de toda a região, que inclui o Litoral Norte e a Serra da Mantiqueira. O sistema permite visualizar de forma rápida os níveis de chuva acumulada nas últimas 24 e 72 horas, em 22 municípios, indicando se estão ou não em níveis críticos, considerando os diferentes riscos geológicos de deslizamento na região.

* Guilherme Mussi é administrador de Empresas e fundador do Instituto Paulista de Renovação (INPAR).

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