Ações verdes são opção rentável e consciente para investidores
Empresas preocupadas com o meio ambiente e o bem-estar social costumam ter avaliações melhores no mercado financeiro
Empresas que se preocupam com a preservação do meio ambiente e a promoção do bem-estar social tendem a ser mais valorizadas pelo mercado. A opinião é de analistas de ações que afirmam, ainda, que pequenos investidores que apostarem em companhias com tal filosofia podem colher bons frutos no futuro.
José Luiz Rossi, professor de economia do Instituto de Ensino e Pesquisa Insper, observa que companhias que adotam as chamadas práticas sustentáveis contam com melhor avaliação para investimento em relação a concorrentes que não o fazem.
Na opinião de Rossi, empresas que fabricam produtos sustentáveis ou empreendem ações de caráter ambiental e social tendem a ser cada vez mais valorizadas pelos consumidores, aumentando a demanda pelas suas mercadorias, melhorando seus resultados e, consequentemente o retorno aos acionistas.
Sonia Favaretto, diretora de Sustentabilidade da BM&F Bovespa, diz que companhias com esse tipo de preocupação têm menor probabilidade de se envolver em casos que redundem em ações trabalhistas ou ambientais. Dessa forma não prejudicam seus resultados, o que significa menor probabilidade de os acionistas deixarem de ganhar porque a empresa terá de pagar contas relacionadas a prejuízos causados a pessoas ou ao planeta.
Em 2005, a BM&F Bovespa criou o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), cuja composição conta apenas com companhias que privilegiem ações de sustentabilidade social ou ambiental em suas práticas. A avaliação das empresas que compõem o ISE é feita anualmente. De acordo com dados de maio, os mais recentes da bolsa, em 12 meses o ISE acumula ganhos de 24,7% ante 18,5% do Índice Bovespa (Ibovespa), principal indicador da Bolsa paulista.
Victorio Matarozzi, diretor da consultoria Finanças Sustentáveis afirma que o fato de uma empresa fazer parte de um índice de companhias desse grupo não a isenta de problemas. Recentemente, a companhia petrolífera inglesa British Petroleum (BP), cuja operação provocou o vazamento estimado em 100 mil barris de petróleo no Golfo do México desde abril, firmou acordo com o governo americano para criar um fundo de US$ 20 bilhões em quatro anos a fim de indenizar famílias e empresas prejudicadas pelo desastre ambiental.
O acordo bate direto no bolso dos acionistas, uma vez que a BP avisou que não pagará mais dividendos este ano. A BP estava entre as empresas do índice de sustentabilidade da bolsa de Nova York, mas foi excluída em maio por causa do acidente. “A empresa deveria ter um plano de ação contra a possibilidade de vazamento, mas pelo jeito não tinha e os acionistas vão pagar parte da conta”, afirma Matarozzi.
Ele sugere aos pequenos investidores que queiram comprar papéis de companhias com programas ambientais, sociais ou ambos que consultem a lista do ISE no site da BM&F Bovespa (www.bmfbovespa.com.br) ou acessem os sites das empresas para conhecer os programas.
A estudante Rachel Ramos de Souza, 26 anos, aderiu ao investimento em papéis de empresas sustentáveis há cerca de um ano. Ela conta que queria comprar ações e, ao procurá-las conheceu um fundo de investimentos baseado nesta classe de papéis. “Além de buscar olucro,o fundoleva em consideração o bem-estar das pessoas e do planeta”, diz.
De acordo com a estudante, o contato com práticas sustentáveis por meio das finanças a fez adotar algumas novas atitudes em seu cotidiano. “Passei a reciclar lixo, usar lâmpadas econômicas e convenci a família a fazer o mesmo", diz.
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